domingo, 15 de maio de 2011

Entrevista Exclusiva ao Presidente/Coordenador da Delegação de Abrantes

- A Delegação de Abrantes existe desde quando?

A delegação de Abrantes, existe desde 23 de Abril de 1976

- Já é voluntário da CVP à quanto tempo?

Sou voluntário da Instituição á sensivelmente 7 anos.

- O que o levou a assumir o desafio de ser o presidente da Delegação de Abrantes?

O que me levou a assumir o desafio de ser Presidente da Instituição, foi o facto de o próprio convite ter partido dos elementos que faziam parte na altura da actual direcção, a delegação estava a desenvolver um excelente trabalho no que toca a consolidação de contas, e senti confiança no projecto que tínhamos nos nossos horizontes. Tínhamos todas as condições para continuar a crescer e que com os restantes elementos directivos podíamos acrescentar mais valor ainda á organização.

- Qual era a situação da Delegação na sua chegada?

A situação á altura era boa. Como disse anteriormente as contas da Delegação estavam equilibradas. A frota de viaturas estava a ser renovada, as pessoas (não só os voluntários, como a população em geral) começavam a acreditar na Delegação de Abrantes e no trabalho que desenvolvíamos. A anterior direcção bem como o Coordenador local de emergência estavam a desenvolver um excelente trabalho.

- O que mudou desde a sua entrada?

No momento em que entrei para a instituição enquanto voluntário (socorrista), senti que a delegação estava numa fase difícil, existiam facturas pendentes (principalmente oficinas, combustível, etc.). Senti que aquele grupo de voluntários recém-formados era o rosto da nova delegação que queríamos ver. O grupo era todo muito jovem, todos nós estudantes e éramos muito unidos, juntávamo-nos para actividades extra-cvp. Na altura a Delegação ao nível do transporte de doentes tinha duas ambulâncias que praticamente de 15 em 15 dias iam às oficinas com problemas. A capacidade de resposta era muito reduzida, e tínhamos muitas dificuldades em nos afirmar á população enquanto entidade humanitária. Lembro-me também que não existiam profissionais, o que só por si nos dá uma verdadeira noção da situação da Delegação. Desde então apostou-se em profissionais para garantir de alguma forma compromissos no que toca ao transporte de doentes, Conseguimos apoiar eventos desportivos, assim como outras actividades. A Delegação começou a promover a distribuição de alimentos e roupas e começou-se também a fazer algo para além do serviço de ambulância. A partir daí vieram os investimentos em novos cursos de formação, em material, ambulâncias. Etc.

- Tem consciência que é o presidente mais novo de uma Delegação da CVP no pais? Como se sente com isso?

Sim de facto tenho consciência disso, na altura existia uma comissão administrativa em Abrantes onde a Presidente teve necessidade de sair da cidade por motivos profissionais, pelo que era importante um voluntário estar a frente da Instituição, porque só o verdadeiro voluntário que anda no terreno, que conhece bem os problemas do dia-a-dia, sabe quais os pontos a melhorar. Aliás todos os actuais membros directivos são socorristas da Delegação, pessoas que têm contacto com a realidade. Depois o facto de ser jovem considero que é uma vantagem no processo de comunicação entre os voluntários e Direcção. Não existe barreiras no diálogo com os voluntários. Mas o trabalho com voluntários não é fácil. Tem sido um dos meus maiores desafios pessoais. Todos os dias surgem problemas que são necessários ultrapassar e só existindo um grupo coeso e unido de responsáveis se consegue ultrapassar essas dificuldades.

- Como se sente por ser o Presidente que conseguiu umas novas instalações para dar melhores condições aos seus voluntários?

Na verdade não posso dizer que o mérito seja todo meu, foi um longo caminho percorrido pelas anteriores direcções da Delegação. Estou certo que todas se empenharam em conseguir aquilo que hoje temos. Felizmente o actual executivo camarário percebeu que éramos uns bons parceiros no alivio da dignidade e sofrimento humano, porque todos nós quer seja a nível da emergência pré-hospitalar quer ao nível da acção social queremos reduzir nem que seja por um só instante as dificuldades que tendem a crescer diariamente.

- É fácil cativar os voluntários sem ter condições para lhes dar?

Penso que não é nada fácil nos dias de hoje cativar os jovens a fazer voluntariado, não só porque não existe o factor remuneração como também existem muitas outras coisas no dia-a-dia com que os jovens se podem distrair, nomeadamente computadores, Internet, cinemas, etc. Tantas coisas com que os jovens se possam ocupar que só mesmo quem tem o " bichinho" de ser voluntário da Cruz Vermelha é que sente e vibra com os momentos altos e baixos da Instituição. Cabe-nos a nós Responsáveis tentar incutir e despertar a paixão e o orgulho em ser membro activo da CVP/ e parte integrante do seu projecto.

- Das antigas instalações para as actuais foi uma volta de 180 graus. Acha que com o objectivo conseguido vai haver desmotivação por parte dos voluntários?

Não. Muito antes pelo contrário, a prova disso é o facto de em 3 meses já termos angariado 35 inscrições para um novo curso, numero esse que nas anteriores instalações só se conseguiria atingir em 2 ou 3 anos com a publicação de abertura de inscrições. No fundo a localização dá-nos não só visibilidade como condições para desenvolvermos todas as nossas actividades e assim beneficiamos todos nós (instituição e população).

- Sabemos que acumula as funções de presidente e coordenador, não acha que os dois cargos para uma só pessoa sejam demasiado maçador e cansativo?

Na verdade, quando se tem toda uma equipa de apoio a retaguarda, as coisas tornam-se não digo mais simples mas menos complicadas. Dificuldades e divergências de opiniões existem sempre, mas temos de saber lidar com tudo isso, mostrando ás pessoas os nossos pontos de vista e ao mesmo tempo também aceitar as opiniões que nos são colocadas, que por certo são construtivas. Aliás temos valorizado muito isso. A nossa Delegação cresceu muito nos últimos tempos devido ao esforço e contributo de todos eles.

- Sente que os senhores da sede nacional têm confiança em si e no seu trabalho?

Quando falamos em sede nacional, nao poderemos dizer que é tudo mau, aliás a Delegação de Abrantes tem um excelente relação com a sede nacional. Não podemos nos esquecer que na sede estão reunidos um conjunto de profissionais técnicos e especializados em responder ao diferentes problemas que as delegações enfrentam no dia-a-dia, desde gabinete jurídico, comunicação e imagem, financeira, património, marketing, acção social etc., só para percebermos um pouco esta dinâmica, uma delegação por iniciativa própria não pode adquirir por exemplo uma ambulância sem mais nem menos, é necessário um estúdio prévio da situação líquida da Delegação, da existência de mercado. Etc. .Pode ser difícil compreender isto, mas a sede tem de zelar também pelas delegações. E da nossa responsabilidade cabe-nos saber utilizar as ferramentas apropriadas, comunicar com as pessoas certas para atingir os nossos objectivos e dignificar e prestigiar a imagem da instituição. È essa a nossa missão.

- Que palavras quer dizer aos voluntários que o acompanharam desde que se tornou presidente e nunca o abandonaram, tendo alguns deles terem sido um grande apoio para si?


Gostaria naturalmente de agradecer a todos eles a sua dedicação, empenho e espírito de sacrifício á instituição. Certamente também eles se sentirão hoje que de alguma forma contribuíram para o que a Delegação é hoje, para a imagem que esta tem a nível local e especialmente por termos conseguido a credibilidade e confiança de quem nos procura

- A Delegação de Abrantes faz bastante emergência mas ainda não faz durante 24h. Quando é que a população de Abrantes poderá estar protegida a nível pré-hospitalar pela CVP?

Relativamente ao número de emergência que fazemos, a delegação tem vindo a registar um número cada vez maior de chamadas Codu, no entanto o que importa á delegação é o facto de não faltar socorro á população. Existe uma boa relação entre os Bombeiros Municipais e CVP, as coisas tem corrido bem, ao nível do Pré-hospitalar, a CVP - Abrantes tem mais um papel de segunda linha, aliás em situação de catástrofes a Cruz Vermelha tem um papel que vai para além do socorro imediato e que se prolonga no tempo. Um trabalho de acompanhamento psicológico, de apoio logístico que permitam de alguma forma garantir condições mínimas de dignidade humana até atingir a sua autonomia se for esse o objectivo. È uma verdade que procuramos garantir a nossa sustentabilidade. Dependemos de nós próprios. Tenho a consciência que para muitos voluntários a emergência é o que lhe dá satisfação pessoal, mas eu relembro que o nosso papel vai muito para além da emergência pré-hospitalar como já disse anteriormente.

- Que balanço faz desde que esta na Presidência/coordenação?
  
O balanço que faço desde que sou responsável pela Delegação é positivo, penso que a Delegação neste momento tem um papel activo na  comunidade Abrantina, e os nossos voluntários sentem-se orgulhosos de serem parte integrante deste projecto. Mas isto não quererá dizer que nos sentimos realizados, há um longo caminho ainda por percorrer, mais formação é precisa, tentar reduzir ao máximo o número de erros. A grande aposta da Delegação de Abrantes é a vertente social, aí existe um longo caminho ainda por percorrer. Começámos agora a dar os primeiros passos, no entanto muito há que fazer, penso que também é importante o acompanhamento ao voluntários, Acho que essencial existir actividades entre os voluntários, isso vai permitir não só fortalecer o grupo como também capacitar os voluntários para o trabalho em equipa. Pela experiencia que temos não importa fazer muitos cursos com frequência, importa é existir acompanhamento aos voluntários de modo a eles se sentirem motivados. Depois é também necessário envolvermos mais os nossos sócios, serem mais interventivos na Delegação. Reestruturar as parcerias da Delegação com as entidades locais através duma rede de protocolos que tragam benefícios aos nossos sócios e voluntários. Tudo isto é importante para a continuidade da nossa missão. Mas o nosso trabalho nunca pára, os desafios vão surgindo sistematicamente, não há tempo para baixar os braços.


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