segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A nova vida da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima depois do abalo do BES

As aplicações levadas a cabo pela antiga direção lesaram a delegação de Aveiras de Cima em cerca de 800 mil euros “e uns trocos.

A delegação da Cruz Vermelha Portuguesa, de Aveiras de Cima, está a passar por uma fase de transformação a todos os níveis. José Torres, presidente da instituição local, que também acumula com o cargo de comandante, salientou em entrevista ao Valor Local, a importância desta nova fase da instituição. 
 
Presidente/C.L.E. da CVP Aveiras de Cima
Para José Torres, que sucedeu a mais de 20 anos de presidência do anterior responsável Humberto Gomes, a nova metodologia de trabalho e o espirito de equipa, foram o bastante para voltar a dar ânimo aos socorristas daquela casa que já acusavam algum desalento. 

No cargo há menos de dois meses, Torres vinca que uma das preocupações era encontrar solução para estacionar as viaturas da Cruz Vermelha, num só espaço, evitando assim o estacionamento abusivo na vila.

 Isso foi conseguido num terreno emprestado junto à GNR local, que segundo José Torres, terá sido a melhor solução. Para tal, o presidente da instituição, salienta que foi apenas preciso falar com o proprietário, José Álvaro, que de imediato disponibilizou o espaço. O presidente e comandante salienta que a operacionalidade da delegação está assegurada, ainda que a central de comunicações fique longe deste local. Torres explica que as viaturas parqueadas neste espaço, não são de emergência, pelo que não existe qualquer dificuldade no socorro às populações, até porque os veículos prioritários mantêm-se na sede. 

Há no entanto outros espaços já cedidos à Cruz Vermelha, onde esta guarda outro material para o dia-a-dia. Para José Torres, o facto de as viaturas estarem estacionadas aleatoriamente “era mau para a nossa imagem” e acrescenta que agora “as pessoas têm demonstrado o seu contentamento pela solução encontrada”, refere. 

Mas toda esta questão de falta de espaço já não é nova. O novo quartel é prioritário e por isso Torres refere já ter encetado negociações com o município para a desafetação da parcela que cabe à Cruz Vermelha do terreno para o novo espaço. 

Torres salienta que a delegação não tem dinheiro para construir de imediato o novo quartel, mas numa primeira fase, e agora que a questão do terreno já está resolvida, vai colocar no local módulos para armazém e estacionamento, o que segundo o responsável, será a solução menos dispendiosa tendo em conta o momento financeiro vivido pela Cruz vermelha em Aveiras de Cima. 

José Torres fala também na necessidade de rejuvenescer o parque de viaturas, que apresenta um consumo excessivo de combustível e de reparações, destacando “a necessidade de se adquirir uma ou duas viaturas a curto prazo de menor consumo e manutenção”, vincando que o reequilíbrio financeiro é a principal meta da direção, tendo em conta as verbas perdidas em aplicações no antigo BES e o facto de trabalharem na delegação 13 funcionários a tempo inteiro. 

Torres que já tinha sido comandante daquela unidade, destacou que o trabalho organizativo e operacional, é vital para o bom funcionamento da casa: Nesta altura já existem quatro chefes de equipa nomeados, que vão ficar à frente de quatro equipas com funções muito específicas, para onde serão entretanto distribuídos os socorristas daquela unidade.

BES “engole” 800 mil euros à instituição

As aplicações levadas a cabo pela antiga direção liderada por Humberto Gomes lesaram a delegação de Aveiras de Cima em cerca de 800 mil euros “e uns trocos”. Até à data a delegação ainda não foi ressarcida desse montante, ao contrário do que se especulou “em alguma comunicação social”. 

Ao Valor Local, José Torres salienta que as aplicações financeiras “foram uma opção” da anterior direção. O comandante vinca que na altura ninguém chegou a pensar que o que sucedeu podia ser possível, mas vinca que tal decisão “pesa agora no futuro da instituição que terá de partir de novo do zero, mas é por um triz que não estamos a partir do menos um”.  

É necessário restabelecer o equilíbrio financeiro “tão necessário para o funcionamento da casa”, lamentando que o “anterior presidente nunca tenha assumido a responsabilidade pela decisão”. 

Aliás o assunto está de tal forma em segredo, que só os advogados da Cruz Vermelha e a direção nacional sabem em que ponto está o assunto. Enquanto isso, a delegação de Aveiras de Cima, continua a fazer os possíveis para trabalhar com o orçamento e as verbas que tem legalmente ao seu dispor. 

José Torres vinca que é postura desta direção não voltar as costas “aos credores e aos devedores”. O presidente da instituição que assumiu o lugar há menos de dois meses, já tinha conhecimento “por alto” de toda a situação. José Torres não sabia, e continua sem saber os números exatos perdidos nesta decisão de Humberto Gomes, mas vinca que quando se candidatou, a sua direção tinha a noção “de que aquilo que viríamos a encontrar não seria de fácil resolução”. 

O responsável frustrado com o estado de coisas diz que tinha o mesmo conhecimento do assunto que toda a população e que nunca terá abordado o assunto com o antigo presidente. Esta é uma verba que “nos fazia falta, aliás muita falta, porque estamos a falar num valor considerável”. O futuro sobre esta matéria “é uma incógnita”.

Fonte: http://valorlocal.weebly.com

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